Tuesday, February 05, 2013

Top 11 de 2012 - Best Of 2012

O ano de 2012 foi o ano do regresso a Bruxelas. O Postais de BXL regressou a BXL. E murchou, feneceu ... para não dizer morreu
Este post não é verdadeiramente um best of como foram as compilações que fiz noutros anos. Este post é uma espécie de crónica de uma morte anunciada, em formato "Os melhores posts - Top 11, ano 2012" ... para não destoar dos outros anos. 
Vamos a isso, aqui ficam os 11 posts.

NY Moments

Leaving NY

Regresso a BXL

Aniversário

Missing NY

Um proverbial post sobre o tempo belga

Still missing NY

Suspiro

Esperança

Uma ideia

O "Canto do cisne"

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Saturday, December 31, 2011

Top 11 de 2011 - Best Of 2011

O ano de 2011 foi fraquinho. E não, não estou a falar da crise, do descalabro da economia, da volatilidade dos mercados, das medidas de austeridade ... neste momento, estou apenas a referir-me aos conteúdos aqui no blog. Vi-me e desejei-me para encontrar 11 posts para o meu proverbial Top 11 de fim de ano.
Um post descafeinado (o meu fave)

* clickar nos títulos para ir directamente aos posts

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Friday, July 22, 2011

mais um momento Nostalgia

E já que estamos numa onde de memórias, deixo-vos com outro post reminiscente de épocas estivais e não só.

Mood pessoal
Não sei porquê, lembrei-me de quando éramos crianças.
As recordações vieram em formato slide, umas atrás das outras, sem cronologia definida. Pensei nos tempos do Colégio, nesses tempos que me parecem - a esta distância - ter sido regulados pelas estações do ano. Primavera, Verão, Outono e Inverno eram estações bem demarcadas, sucedendo-se como etapas rituais dos anos que iam crescendo em nós.
A Primavera cheirava a Primavera. Os dias amanheciam frescos. É irrepetível o cheiro de uma manhã de Primavera, a abrir o dia com uma réstia do frio da noite. A leveza e a consistência desse ar é inimitável!
Na Primavera chegavam as borboletas e as andorinhas, os morangos e depois as cerejas. Festejava o meu aniversário, convidava amiguinhos de outras turmas para virem à minha sala cantar os parabéns e comer uma fatia de bolo de chocolate ou de ananás. Depois, acabava o ano lectivo. As férias grandes!
O Verão cheirava a livros, que os Pais tinham tentado esconder desde a Feira do Livro - para que os ditos livros durassem até às férias grandes. Mas eu e o meu irmão descobríamos sempre o esconderijo e quando chegava o Verão já não sobrava grande stock por ler. O meu irmão era mais dado a actividades outdoors, quer dizer bicicleta pelas redondezas e futebol no pátio das garagens. Mas eu não. Eu sempre fui de livros. O Verão dos livros era interrompido pelo Verão da praia.
Uma vez por outra, o Verão cheirava também a dias passados no escritório da Mãe. Num tempo em que as Mães ainda podiam, quando sem alternativas, levar os filhos para o local de trabalho. O escritório era antigo, cheirava a madeira velha, mas também encerada, e rangia o soalho. A Mãe conseguia disciplinar-nos para fazermos os deveres escolares. E deixava-nos escrever à máquina. No tempo em que não havia computadores ou nós nem suspeitávamos da sua existência. Eu e o meu irmão saíamos à hora do lanche, saíamos do escritório e entrávamos no calor do Verão que nos devolvia brilhos do Douro ali de frente para nós. Virávamos à direita e seguíamos para o café que também tinha quiosque. Podíamos comprar livros do Tio Patinhas, e comíamos pão com fiambre, e bebíamos já não me lembro o quê. Era Compal de pêssego, com certeza!
O Verão também era praia. Não seria Verão sem praia!! As praias da minha infância são feitas de sol e nevoeiro, gelados da Olá, castelos na areia e colecções de conchinhas. Memória, Praia dos Beijinhos, Aguda, Pedras da Agudela. E, na incursão anual ao Algarve, as praias da infância foram Monte Gordo e Retur. Retur, que raio de nome para dar a uma praia ... mas que boas recordações de infância!
E o Verão era também a casa dos Avós, tardes de calor, a sombra das videiras, a cozinha tão fresquinha, o cheiro do avental da Avó, o pêndulo do relógio a embalar sestas despreocupadas. E torturar caracóis que recolhíamos do muro do quintal. E eu e o meu irmão postos no muro a ver passar e a perguntar aos passantes se eram da APU. Dava-nos para cada uma!
O fim do Verão cheirava a cadernos novos e aos plásticos dos estojos e restante material escolar. Forrávamos os livros e pintávamos as capas com todas as cores disponíveis nos nossos conjuntos de canetas Molin! E recomeçava o Colégio. Fazíamos sempre redacções sobre as férias de Verão.
E à medida que o Outono avançava, cheirava a castanhas. E anoitecia mais cedo.
Tinha aulas de Lavores, que abominava. Eu e a minha melhor amiga (era o tempo das melhores amigas) fomos formalmente repreendidas por usarmos as agulhas para riscar as costas das cadeiras da frente em vez de bordar flores nos saquinhos para guardanapos. Agora só uso guardanapos de papel. E quando porventura uso guardanapos a sério, não os guardo nos saquinhos com flores bordadas nas aulas de Lavores da 3a-classe.
O Inverno cheirava a Natal e a guarda-chuvas molhados. E tínhamos kispos. Isto era no tempo em que todos os casacos eram kispos, quer fossem quer não fossem.
E depois de muito tempo de escuro e chuva, lá chegava pontual a Primavera.
As estações encadeavam-se num ritmo sem sobressaltos, ou é assim que eu as relembro. Num tempo em que não havia morangos e cerejas todo o ano. Em que íamos para o escritório da Mãe e podíamos escrever à máquina. E na praia ouvia-se ao longe olha a baaatatiinha e bola de berliiiiim. Éramos crianças.

(
Post originalmente publicado neste blog a 30 de Maio, 2006)

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Tuesday, July 19, 2011

momento Nostalgia

Para participar na iniciativa do Crónicas do Rochedo, desencantei um post - e umas memórias - do fundo do baú. Desta vez, com fotografia!


A Praia da Memória era uma das praias para onde íamos nas férias grandes. Era essa e a Praia dos Beijinhos. Uma em Leça, a outra em Perafita, ambas em Matosinhos. Mas isso da geografia não é essencial. Interessa é que os pãezinhos com fiambre tinham um sabor irrepetível. E os iogurtes da nossa infância - lembram-se dos Longa Vida de chocolate? - sabiam-me sempre melhor na praia. E uvas fresquinhas e peras sumarentas, que delícia ... também me sabiam melhor na praia. E, como já sabem pelo outro post, bebíamos Compal de pêssego. Esse sabor ficou para sempre associado a memórias da minha infância.
Não sei se era do iodo, se daquele mar gelado, se das correrias na areia ou de passar horas a saltar das dunas, com os meus primos, as toalhas amarradas ao pescoço a fazer de capas para nós podermos fazer de super-homem ... mas, fosse lá porque fosse, a verdade é que quando chegava a hora do almoço, ou do lanche, tudo o que saía daquelas caixinhas tupperware era delicioso! No fim comíamos Epás ... o que eu mais gostava nos Epás era aquele bocadinho no fundo do cone, em que o gelado ficava tingido da cor da chiclete.
E nesse tempo, não conhecíamos nacionalidades nem patriotismos. Só havia uma bandeira que nos interessava ... e o que interessava era saber se a bandeira estava verde! ... e importava muito tentar contornar uma bandeira amarela esgrimindo argumentos de criança contra a autoridade dos pais.
Lembro-me tão bem do cheiro dos cremes Nívea. E de coleccionar beijinhos - conchas, claro! E das cores alegres dos baldes, pás e ancinhos.
Felizes memórias ... na Praia da Memória.
Foi mais um momento Nostalgia, aqui no Postais de BXL.

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Sunday, June 26, 2011

Chicago, Illinois

Chicago. The Windy City. The 1920s. The gangsters. Al Capone. The jazz. The Loop, downtown Chicago. The ‘L’ train. The Chicago river. The architectural boat tour, by the Chicago Architecture Foundation. Architecture everywhere, anywhere. Oak Park. Frank Lloyd Wright. The Millennium Park. The Jay Pritzker Pavillion, by Frank Gehry. The Cloud Gate, a.k.a. “The Bean”, by Anish Kapoor. The Crown Fountain. The Nichols Bridgeway, by Renzo Piano. The Art Institute of Chicago. The W Downtown. The Willis Tower, a.k.a. mega famous Sears Tower. I wish we had gone to its Skydeck. The West Loop, an up-and-coming trendy neighborhood where we had dinner at the peculiar Girl & The Goat restaurant. The jazz fiasco at the Green Mill, which used to be a hangout for Al Capone and is considered one of the most famous jazz clubs in Chicago. The Chicago Tribune. The Drake Hotel. Oprah. Obama. Lake Michigan. The lake shore turned into beach. The Windy City is not so windy in the Summer. Cocktails and panoramic sunset views of Chicago's skyline, from the top of the Hancock Tower.
Chicago, Illinois. The 4 of us. The start of Route 66.

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Sunday, May 01, 2011

do fundo do baú

Julho 2002

Marrakech, três dias maravilhosos. A Riad onde ficámos hospedados era de charme, em plena Medina. Passeámos pelos souks, à deriva, entre múltiplas solicitações, os Berbères imparáveis, a negociata desenfreada. Especiarias, cestos, jóias, cerâmica, túnicas e babuchas e tudo o mais, numa profusão de detalhes e cores. Aprendemos que deve sempre oferecer-se um décimo do preço que nos pedem. Enfiaram-nos numa loja de tapetes, e quem saiu de lá com um tapete debaixo do braço? Eu ... Os restaurantes cool de Marrakech surpreenderam-nos. Le Fondouk, Comptoir Paris-Marrakech, maravilhosos pátios, fontes de águas sussurrantes, flores e almofadas de todas as cores, comida deliciosa. Temos fotografias repetidas, das ruelas, dos mercados de rua, do ocre das casas, das tanneries com os seus tanques de tingir as peles de animais. É pena não ter podido gravar os sons e os cheiros. Como o aroma do omnipresente chá de menta. E a Praça Jemaa el Fna, coração de Marrakech, um formigueiro de gente, um baú de tesouros, com contadores de histórias, bancas de comidas a fumegar de aromas vários, cartomantes, músicos e bailarinos, encantadores de cobras, artistas das tatuagens com hena, domadores de macacos, turistas e locais, curiosos que se cruzam em círculos indefinidos, passos e caminhos repetidos, ambiente de mil e uma noites. Lembro-me do livro O Príncipe Árabe. Adoro ouvir o almuadem a chamar para a oração, cinco vezes ao dia ecoa esse longo apelo. O chamamento do almuadem ecoa melódico do alto do minarete e todos os passos se dirigem à mesquita onde os muçulmanos se encontram para rezar. E o pôr do sol na praça, uma luz inesquecível, dourada e rosada, os fumos das bancas de comida em espirais coloridas pelo sol poente. A magia de Marrakech na Praça Jemaa el Fna.

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Saturday, April 30, 2011

do fundo do baú

Tenho pena de não ter guardado todos os e-mails, no tempo em que os sistemas de correio corporativos estavam programados para apagar tudo de x em x tempo. Nessa época ainda não entendia grande coisa do cyberspace, do novo mundo internético.
Por exemplo, quando estive a morar em São Paulo, de Agosto de 2000 a Março de 2001, enviava umas crónicas inspiradíssimas aos meus amigos em Portugal e na Bélgica. Perdi essas crónicas todas.
Apesar de ter perdido a maior parte dos e-mails que escrevi ou recebi numa determinada época, ainda encontrei, no outro dia, alguns e-mails no fundo do baú, coisas escritas em 2001, 2002, 2003, que escaparam ao delete. Gostei especialmente deste apontamento sobre o tempo em Bruxelas, num dia de Outubro. O e-mail ia dirigido a um amigo belga, que na época estava a morar em Londres.

een klein belgisch chronicle
Hi Tom,
Hoje está um daqueles dias que te ia deixar numa verdadeira melancolia de infância, quando andavas de bicicleta pelos campos planos e verdejantes da Flandres.
Passo a descrever. Está cinzento. Verdadeiramente cinzento. Such a degree of cinzentez was only possible due to the right mix of the following elements: um tecto compacto de nuvens sem forma, que cobre neste momento o País todo; e um nevoeiro disperso que, ao misturar-se com o cinza das nuvens, acentua e reforça a cinzentez geral. É um cinzento quase branco, não há cor que resista a isto, os prédios, mesmo os de brick, cor de tijolo, perdem-se entre os cinzentos, sem que ressalte qualquer cor. Tudo se esbate num pano de fundo cinzento, numa atmosfera cinzenta. E roubaram o Outono às árvores, pois nem lhes deram tempo de mudarem de cor. Este ano, as árvores não passaram pelas várias tonalidades outonais e as folhas foram directas ao chão, sem cerimónia. Sabes que fomos varridos por ventos ciclónicos, não? Pois, as árvores ficaram todas nuas. E assim estamos no plat pays, entregues ao cinzento e ao Inverno precoce. Seduzo que Londres também esteja cinzentinha ... mas não há nada como BXL!

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Monday, April 04, 2011

April Fools' Day

Há muitos anos que não me pregavam uma peta de 1 de Abril. Foi na 6a-feira e quase caí na patranha. Mas lembrei-me a tempo que era Dia dos Enganos. E, ao mesmo tempo, lembrei-me de outras partidas e enganos, guardados nas memórias da minha infância. Foi há muitos anos, não sei exactamente que idade teríamos, eu 9 ou 10, o meu irmão 7 ou 8, algo assim. Lembro-me que nessa época passavam desenhos animados logo pela manhã. Lembro-me que tomávamos o pequeno-almoço com um olho na televisão ... e tentávamos atrasar a saída de casa, na esperança de poder ver o Danger Mouse até ao fim. Mas, nesse dia, o Pai diz-nos que não tínhamos que ir para o Colégio. Não, nesse dia podíamos ficar em casa a ver desenhos animados. Éramos crianças, mas não éramos parvos. Ficámos a modos que desconfiados. Olhámos para a Mãe, à procura de confirmação. Ainda não sabíamos ver para além do bluff das expressões faciais e detectar travessura no fundo dos olhos de um e riso nos olhos do outro. Quando já estávamos quase a acreditar na nossa sorte, o Pai desmancha o engano, tolinhos, hoje é dia das mentiras! E assim nos fomos habituando aos enganos e partidas do dia 1 de Abril. Tenho pena de termos perdido a tradição de pregar partidas e mentiras no dia 1 de Abril. Mas ficam-me memórias risonhas de quando éramos crianças e os papéis de Pais e filhos se misturavam nessa brincadeira dos enganos, que depois se prolongava pelo dia fora com os amiguinhos no Colégio. Nhe-nhe-nhe-nhe-nhe, 1 de Abril, 1 de Abril!!

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Monday, January 03, 2011

Top 11 de 2010 - o blog em perspectiva

Como já vem sendo tradição neste blog, narciso q.b., passeei-me pelos arquivos de 2010 para compilar os 11 posts que mais gosto me deu escrever, e depois reler, durante o ano.
Se não tiverem nada melhor para fazer neste preciso momento, acompanhem-me na retrospectiva do ano assim descrito pelo meu alter-ego.
Just follow these orange links:
travel-log

do rumo do blog

aniversário NY

momento serendipity

um post sentimental

fotografia

tema recorrente de 2010, as viagens de trabalho

momento yellow cab

route 66

da série wishlist, "I like this"

from Rio with love

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Wednesday, February 17, 2010

blog-nostalgia

Como foi o vosso Carnaval?
Mascararam-se? de quê?
Foram de férias, mini-férias? para onde?
Em tempos idos, este género de perguntas enchia a caixa de comentários de variadas e divertidas respostas. Adorei revisitar essas caixas de comentários! E convido-vos a entrar, aqui e aqui ...

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Wednesday, January 06, 2010

Top 11 de 2009

Como já vem sendo tradição neste blog, narciso q.b., passeei-me pelos arquivos para compilar os 11 posts que mais gosto me deram escrever em 2009 e depois reler.

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Monday, December 29, 2008

Top 11 de 2008

O ano passado elaborei um Top 11 do Postais de BXL com os melhores posts de 2007. Este ano, vi-me e desejei-me para conseguir compilar aqui também os melhores da fornada de 2008 ... porque este blog sofreu uma rarefacção dramática!! Ainda assim, aqui fica um possível TOP 11:
Um verdadeiro momento umbilical. Nunca se sabe se o Postais de BXL sobrevive mais um ano ... esta retrospectiva pode até vir a tornar-se elegia.
Entretanto, ficam os meus votos de um excelente Ano Novo! Welcome 2009!

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Sunday, August 10, 2008

Estou na Lua

... ou estou no Sardinha Biba?

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Tuesday, July 15, 2008

Flashback

Caro RAF,
Há pouco mais de dois anos, um postal escrevinhado aqui no blog inspirou-te um texto belíssimo. Esse teu texto que foi tema de conversa em jantar animado, este fim-de-semana. O texto que
recuperas agora no Blue Lounge. Recordar é viver. E desta vez, sou eu que sigo a tua deixa e recupero agora o texto que há dois anos precedera o teu. Recordar é viver. Flashback no Postais de BXL.

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Wednesday, January 02, 2008

Top 11 de 2007

O ano passado elaborei um TOP 11 dos meus favoritos de 2006.
Não resisto à narcisista tentação de compilar aqui também os melhores da fornada de 2007:
... o proverbial descontentamento com o tempo em Bruxelas
destemperança
... o primeiro aniversário do blog
os postais
... primeiras impressões, rotinas nova-iorquinas
quotidiano - segundo acto
... a Primavera, depois de longos anos de cinzento em BXL
Bloody Mary's in the Park
... jazz no Harlem
the jazz joint
... o meu preferido
mudança de estação
.
Goodbye 2007, hello 2008!

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Tuesday, December 26, 2006

Top 11 de 2006

Aproxima-se o fim do ano. Voluntariamente ou tomados de assalto pelo espírito da quadra, damos por nós em retrospecção. Vá, em introspecção retrospectiva. Fazemos o balanço do ano que passou, tentamos catalogar os acontecimentos, arrumar tudo em gavetas mentais de bom, mau, sorriso, lágrima, arrependimento, sucesso, frustração. Lançamo-nos em resoluções, promessas, decisões ... no próximo ano é que vai ser, vamos mudar, corrigir, acrescentar, melhorar, cumprir.
O Postais de BXL rende-se também à retrospecção e deixa-vos com um apanhado dos melhores posts do ano. Um flashback. Um Top 11. Para recordar alguns momentos bloguísticos desta vossa Sinapse.
2006 já era ... venha daí o novo ano! Welcome, 2007!
E um Bom Ano para todos!! :-)

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Wednesday, May 31, 2006

Mood pessoal

Não sei porquê, lembrei-me de quando éramos crianças.
As recordações vieram em formato slide, umas atrás das outras, sem cronologia definida.
Pensei nos tempos do Colégio, nesses tempos que me parecem - a esta distância - ter sido regulados pelas estações do ano. Primavera, Verão, Outono e Inverno eram estações bem demarcadas, sucedendo-se como etapas rituais dos anos que iam crescendo em nós.
A Primavera cheirava a Primavera. Os dias amanheciam frescos. É irrepetível o cheiro de uma manhã de Primavera, a abrir o dia com uma réstia do frio da noite. A leveza e a consistência desse ar é inimitável!
Na Primavera chegavam as borboletas e as andorinhas, os morangos e depois as cerejas. Festejava o meu aniversário, convidava amiguinhos de outras turmas para virem à minha sala cantar os parabéns e comer uma fatia de bolo de chocolate ou de ananás. Depois, acabava o ano lectivo. As férias grandes!!
O Verão cheirava a livros, que os Pais tinham tentado esconder desde a Feira do Livro - para que os ditos livros durassem até às férias grandes. Mas eu e o meu irmão descobríamos sempre o esconderijo e quando chegava o Verão já não sobrava grande stock por ler. O meu irmão era mais dado a actividades outdoors, quer dizer bicicleta pelas redondezas e futebol no pátio das garagens. Mas eu não. Eu sempre fui de livros. O Verão dos livros era interrompido pelo Verão da praia.
Uma vez por outra, o Verão cheirava também a dias passados no escritório da Mãe. Num tempo em que as Mães ainda podiam, quando sem alternativas, levar os filhos para o local de trabalho. O escritório era antigo, cheirava a madeira velha, mas também encerada, e rangia o soalho. A Mãe conseguia disciplinar-nos para fazermos os deveres escolares. E deixava-nos escrever à máquina. No tempo em que não havia computadores ou nós nem suspeitávamos da sua existência. Eu e o meu irmão saíamos à hora do lanche, saíamos do escritório e entrávamos no calor do Verão que nos devolvia brilhos do Douro ali de frente para nós. Virávamos à direita e seguíamos para o café que também tinha quiosque. Podíamos comprar livros do Tio Patinhas, e comíamos pão com fiambre, e bebíamos já não me lembro o quê. Era Compal de pêssego, com certeza! Não faço a mais pequena ideia de que falávamos. A Mãe, depois do trabalho, vinha buscar-nos e pagava.
E o Verão era também a casa dos Avós, tardes de calor, a sombra das videiras, a cozinha tão fresquinha, o cheiro do avental da Avó, o pêndulo do relógio a embalar sestas despreocupadas. E torturar caracóis que recolhíamos do muro do quintal. E eu e o meu irmão postos no muro a ver passar e a perguntar aos passantes se eram da APU. Dava-nos para cada uma!
O fim do Verão cheirava a cadernos novos e aos plásticos dos estojos e restante material escolar. E recomeçava o Colégio. Fazíamos sempre redacções sobre as férias do Verão.
E à medida que o Outono avançava, cheirava a castanhas, e anoitecia mais cedo.
Tinha umas aulas de Lavores que abominava. Eu e a minha melhor amiga (era o tempo das melhores amigas) fomos formalmente repreendidas por usarmos as agulhas para riscar as costas das cadeiras da frente em vez de bordar flores nos saquinhos para guardanapos. Agora só uso guardanapos de papel. E quando porventura uso guardanapos a sério, não os guardo nos saquinhos com flores bordadas nas aulas de Lavores da 3a classe.
O Inverno cheirava a Natal, e a guarda-chuvas molhados. E tinhamos kispos (quando todos os casacos eram kispos, quer fossem quer não fossem). E depois de muito tempo de escuro e chuva lá chegava pontual a Primavera.
As estações encadeavam-se num ritmo sem sobressaltos, ou é assim que eu as relembro. Num tempo em que não havia morangos e cerejas todo o ano. Em que íamos para o escritório da Mãe e podíamos escrever à máquina. E na praia ouvia-se ao longe olha a baaatatiinha e bola de berliiiiim. Éramos crianças.

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