Thursday, December 29, 2011

passagem-de-ano

A passagem-de-ano, na minha infância, era vivida entusiasticamente. Em família, a despedir o ano velho, a celebrar a chegada do ano novo. Tenho memórias de passagens-de-ano com os primos todos, na casa dos Avós em Folgosa. Nessa época éramos 10 primos, num leque de idades dos 10 até aos 3 anos. Gritávamos a contagem decrescente, a plenos pulmões, como só as crianças sabem, e acompanhávamos com grande estalhardaço de testos contra testos ou colheres a bater em testos. Recebíamos o Ano Novo com todo o entusiasmo, sem balanços do ano passado, sem listas de intenções, sem frustrações ou preocupações. Era só alegria, quase magia. Também tenho memórias de passagens-de-ano na casa dos Avós em Sampaio. Houve até um ano em que os meus Pais foram à Madeira e eu e o meu irmão ficámos com os meus Avós, em Sampaio. Apesar de estarmos só nós os quatro, os meus Avós - talvez especialmente o meu Avô - não deixaram esmorecer o entusiasmo da antecipação da meia-noite. Lembro-me de também nos darem testos para batermos à meia-noite e de nos levarem lá fora ao quintal para ouvirmos os foguetes a estralejar e os sinos a repicar e o coro de sirenes que festejavam o novo ano, as sirenes dos bombeiros, as sirenes da polícia, tudo buzinava e sirenava para receber o novo ano em festa. Não sei se esse costume se perdeu ... eu nunca mais ouvi os sinos das igrejas e as buzinas e as sirenes dos polícias e dos bombeiros a dar as boas-vindas ao ano novo, ficou-me apenas a recordação dessa passagem-de-ano na aldeia urbana de Sampaio. Mais tarde, na adolescência, vieram as festas em casas de amigos ou, mais tarde ainda, nas discotecas. E, hoje em dia, posso ficar em casa, quase indiferente ao momento. Pode ou não haver uma jantarada com os amigos, pode haver alegria, mas não há aquela magia da infância. Este ano talvez suba ao rooftop do meu prédio nova-iorquino para ver o fogo de artifício iluminar e colorir o recorte dos arranha-céus. E, quem sabe, talvez volte a escutar sirenes de bombeiros a despedir o ano velho e a celebrar a chegada do ano novo. Talvez o novo ano traga alguma magia. Feliz Ano Novo!

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Sunday, December 18, 2011

... atchim?

Nesta época de gripes e constipações, veio-me no outro dia à memória a mezinha do eucalipto. Folhas de eucalipto em água a ferver, o aroma canforado a pairar pela casa toda. Na viagem ao passado, despisto as lembranças de narizes entupidos e congestões torácicas, tosse convulsa e arrepios febris ... guardo só a memória do ritual caseiro, aquecedores ligados e cobertores quentinhos, e aquele aroma revigorante do eucalipto.

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Friday, July 22, 2011

mais um momento Nostalgia

E já que estamos numa onde de memórias, deixo-vos com outro post reminiscente de épocas estivais e não só.

Mood pessoal
Não sei porquê, lembrei-me de quando éramos crianças.
As recordações vieram em formato slide, umas atrás das outras, sem cronologia definida. Pensei nos tempos do Colégio, nesses tempos que me parecem - a esta distância - ter sido regulados pelas estações do ano. Primavera, Verão, Outono e Inverno eram estações bem demarcadas, sucedendo-se como etapas rituais dos anos que iam crescendo em nós.
A Primavera cheirava a Primavera. Os dias amanheciam frescos. É irrepetível o cheiro de uma manhã de Primavera, a abrir o dia com uma réstia do frio da noite. A leveza e a consistência desse ar é inimitável!
Na Primavera chegavam as borboletas e as andorinhas, os morangos e depois as cerejas. Festejava o meu aniversário, convidava amiguinhos de outras turmas para virem à minha sala cantar os parabéns e comer uma fatia de bolo de chocolate ou de ananás. Depois, acabava o ano lectivo. As férias grandes!
O Verão cheirava a livros, que os Pais tinham tentado esconder desde a Feira do Livro - para que os ditos livros durassem até às férias grandes. Mas eu e o meu irmão descobríamos sempre o esconderijo e quando chegava o Verão já não sobrava grande stock por ler. O meu irmão era mais dado a actividades outdoors, quer dizer bicicleta pelas redondezas e futebol no pátio das garagens. Mas eu não. Eu sempre fui de livros. O Verão dos livros era interrompido pelo Verão da praia.
Uma vez por outra, o Verão cheirava também a dias passados no escritório da Mãe. Num tempo em que as Mães ainda podiam, quando sem alternativas, levar os filhos para o local de trabalho. O escritório era antigo, cheirava a madeira velha, mas também encerada, e rangia o soalho. A Mãe conseguia disciplinar-nos para fazermos os deveres escolares. E deixava-nos escrever à máquina. No tempo em que não havia computadores ou nós nem suspeitávamos da sua existência. Eu e o meu irmão saíamos à hora do lanche, saíamos do escritório e entrávamos no calor do Verão que nos devolvia brilhos do Douro ali de frente para nós. Virávamos à direita e seguíamos para o café que também tinha quiosque. Podíamos comprar livros do Tio Patinhas, e comíamos pão com fiambre, e bebíamos já não me lembro o quê. Era Compal de pêssego, com certeza!
O Verão também era praia. Não seria Verão sem praia!! As praias da minha infância são feitas de sol e nevoeiro, gelados da Olá, castelos na areia e colecções de conchinhas. Memória, Praia dos Beijinhos, Aguda, Pedras da Agudela. E, na incursão anual ao Algarve, as praias da infância foram Monte Gordo e Retur. Retur, que raio de nome para dar a uma praia ... mas que boas recordações de infância!
E o Verão era também a casa dos Avós, tardes de calor, a sombra das videiras, a cozinha tão fresquinha, o cheiro do avental da Avó, o pêndulo do relógio a embalar sestas despreocupadas. E torturar caracóis que recolhíamos do muro do quintal. E eu e o meu irmão postos no muro a ver passar e a perguntar aos passantes se eram da APU. Dava-nos para cada uma!
O fim do Verão cheirava a cadernos novos e aos plásticos dos estojos e restante material escolar. Forrávamos os livros e pintávamos as capas com todas as cores disponíveis nos nossos conjuntos de canetas Molin! E recomeçava o Colégio. Fazíamos sempre redacções sobre as férias de Verão.
E à medida que o Outono avançava, cheirava a castanhas. E anoitecia mais cedo.
Tinha aulas de Lavores, que abominava. Eu e a minha melhor amiga (era o tempo das melhores amigas) fomos formalmente repreendidas por usarmos as agulhas para riscar as costas das cadeiras da frente em vez de bordar flores nos saquinhos para guardanapos. Agora só uso guardanapos de papel. E quando porventura uso guardanapos a sério, não os guardo nos saquinhos com flores bordadas nas aulas de Lavores da 3a-classe.
O Inverno cheirava a Natal e a guarda-chuvas molhados. E tínhamos kispos. Isto era no tempo em que todos os casacos eram kispos, quer fossem quer não fossem.
E depois de muito tempo de escuro e chuva, lá chegava pontual a Primavera.
As estações encadeavam-se num ritmo sem sobressaltos, ou é assim que eu as relembro. Num tempo em que não havia morangos e cerejas todo o ano. Em que íamos para o escritório da Mãe e podíamos escrever à máquina. E na praia ouvia-se ao longe olha a baaatatiinha e bola de berliiiiim. Éramos crianças.

(
Post originalmente publicado neste blog a 30 de Maio, 2006)

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Tuesday, July 19, 2011

momento Nostalgia

Para participar na iniciativa do Crónicas do Rochedo, desencantei um post - e umas memórias - do fundo do baú. Desta vez, com fotografia!


A Praia da Memória era uma das praias para onde íamos nas férias grandes. Era essa e a Praia dos Beijinhos. Uma em Leça, a outra em Perafita, ambas em Matosinhos. Mas isso da geografia não é essencial. Interessa é que os pãezinhos com fiambre tinham um sabor irrepetível. E os iogurtes da nossa infância - lembram-se dos Longa Vida de chocolate? - sabiam-me sempre melhor na praia. E uvas fresquinhas e peras sumarentas, que delícia ... também me sabiam melhor na praia. E, como já sabem pelo outro post, bebíamos Compal de pêssego. Esse sabor ficou para sempre associado a memórias da minha infância.
Não sei se era do iodo, se daquele mar gelado, se das correrias na areia ou de passar horas a saltar das dunas, com os meus primos, as toalhas amarradas ao pescoço a fazer de capas para nós podermos fazer de super-homem ... mas, fosse lá porque fosse, a verdade é que quando chegava a hora do almoço, ou do lanche, tudo o que saía daquelas caixinhas tupperware era delicioso! No fim comíamos Epás ... o que eu mais gostava nos Epás era aquele bocadinho no fundo do cone, em que o gelado ficava tingido da cor da chiclete.
E nesse tempo, não conhecíamos nacionalidades nem patriotismos. Só havia uma bandeira que nos interessava ... e o que interessava era saber se a bandeira estava verde! ... e importava muito tentar contornar uma bandeira amarela esgrimindo argumentos de criança contra a autoridade dos pais.
Lembro-me tão bem do cheiro dos cremes Nívea. E de coleccionar beijinhos - conchas, claro! E das cores alegres dos baldes, pás e ancinhos.
Felizes memórias ... na Praia da Memória.
Foi mais um momento Nostalgia, aqui no Postais de BXL.

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Monday, April 04, 2011

April Fools' Day

Há muitos anos que não me pregavam uma peta de 1 de Abril. Foi na 6a-feira e quase caí na patranha. Mas lembrei-me a tempo que era Dia dos Enganos. E, ao mesmo tempo, lembrei-me de outras partidas e enganos, guardados nas memórias da minha infância. Foi há muitos anos, não sei exactamente que idade teríamos, eu 9 ou 10, o meu irmão 7 ou 8, algo assim. Lembro-me que nessa época passavam desenhos animados logo pela manhã. Lembro-me que tomávamos o pequeno-almoço com um olho na televisão ... e tentávamos atrasar a saída de casa, na esperança de poder ver o Danger Mouse até ao fim. Mas, nesse dia, o Pai diz-nos que não tínhamos que ir para o Colégio. Não, nesse dia podíamos ficar em casa a ver desenhos animados. Éramos crianças, mas não éramos parvos. Ficámos a modos que desconfiados. Olhámos para a Mãe, à procura de confirmação. Ainda não sabíamos ver para além do bluff das expressões faciais e detectar travessura no fundo dos olhos de um e riso nos olhos do outro. Quando já estávamos quase a acreditar na nossa sorte, o Pai desmancha o engano, tolinhos, hoje é dia das mentiras! E assim nos fomos habituando aos enganos e partidas do dia 1 de Abril. Tenho pena de termos perdido a tradição de pregar partidas e mentiras no dia 1 de Abril. Mas ficam-me memórias risonhas de quando éramos crianças e os papéis de Pais e filhos se misturavam nessa brincadeira dos enganos, que depois se prolongava pelo dia fora com os amiguinhos no Colégio. Nhe-nhe-nhe-nhe-nhe, 1 de Abril, 1 de Abril!!

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Sunday, February 20, 2011

♥ ♥ ♥ ♥

Lembram-se deste post? Pois passou mais um ano de NY.
O tempo passa, ao ritmo de NY - intenso, numa energia muito especial, e numa velocidade alucinante. Nunca me senti tão integrada como em NY. Talvez esta cidade estivesse marcada no mapa da minha vida. Passagem obrigatória. Paragem obrigatória. Escrevinhei este post na cafetaria do MoMA. Adoro a volumetria do MoMA. E não sei quantos adoro's depois ... adoro NY.
10 de Fevereiro, 2007. Quatro anos e dez dias depois ... adoro NY.

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Wednesday, February 17, 2010

blog-nostalgia

Como foi o vosso Carnaval?
Mascararam-se? de quê?
Foram de férias, mini-férias? para onde?
Em tempos idos, este género de perguntas enchia a caixa de comentários de variadas e divertidas respostas. Adorei revisitar essas caixas de comentários! E convido-vos a entrar, aqui e aqui ...

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Monday, February 08, 2010

Eight Days a Week

10 Fevereiro, 2007. Depois de amanhã, faz 3 anos que cheguei a NY. Lembro-me como se fosse hoje. Sábado, aterrei em JFK. Meti-me num yellow cab, direcção Hudson Hotel. West 58th and 9th Avenue. Tinha escolhido o Hotel pela proximidade à minha futura morada. West 60th and 9th Avenue. Tudo era novo. Acho que fui ao Whole Foods comprar qualquer coisa para comer. E devo ter apagado cedo, com o jet lag. No dia seguinte, trasladei tudo do Hotel para o apartamento. Duas malas grandes, uma mala pequena, uma mochila e algum saco de papel. O apartamento vazio. O eco. O copo de papel do Starbucks que pousei no balcão da cozinha. O sol que entrava a jorros pelas janelas da sala e do quarto. Pousei as malas e fui ao Bed Bath & Beyond comprar um colchão insuflável, lençóis, edredão, almofadas. Tinha toalhas de banho, uma cafeteira e uma caneca, um copo, um prato e faca&garfo. Era tudo o que precisava para as primeiras impressões. A mudança - tudo o que ia chegar de Bruxelas - estava prevista para daí a duas semanas. Nessa noite, adormeci cedíssimo. No colchão insuflável, na sala vazia. Não sei porque preferi dormir na sala e não no quarto. No dia seguinte, 2a-feira dia 12 de Fevereiro, lá fui para o escritório, primeiro dia de trabalho. E no dia 13 de Fevereiro, três dias depois de ter aterrado em NY, lá fui para Toronto, primeira viagem de trabalho, assim de chofre. A minha Mãe chegou na semana seguinte, ficou comigo uma semana inteirinha, ajudou-me com a mudança. Entre receber caixas e caixotes, montar móveis, ir ao Ikea mais duas vezes, e mais uma e outra vez ao Bed Bath & Beyond, e supermercados e afins, a casa começou a ficar com ar de home sweet home. E tem sido o meu lar doce lar desde então. Mas, mais que a casa, tem sido a cidade a desenhar os meus dias nos últimos 3 anos. NY fascina-me, surpreende-me, renova-me, energiza-me todos os dias. Todos os dias, eight days a week.
3 anos ... eight days a week, I looooooooove you!

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Monday, December 29, 2008

Top 11 de 2008

O ano passado elaborei um Top 11 do Postais de BXL com os melhores posts de 2007. Este ano, vi-me e desejei-me para conseguir compilar aqui também os melhores da fornada de 2008 ... porque este blog sofreu uma rarefacção dramática!! Ainda assim, aqui fica um possível TOP 11:
Um verdadeiro momento umbilical. Nunca se sabe se o Postais de BXL sobrevive mais um ano ... esta retrospectiva pode até vir a tornar-se elegia.
Entretanto, ficam os meus votos de um excelente Ano Novo! Welcome 2009!

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Wednesday, August 20, 2008

O Verão, os grilos e os pirilampos

No Sábado passado fomos conhecer Brooklyn. Passeámos por Brooklyn Heights e Park Slope. Arquitectura vitoriana, ruas sossegadas, árvores a emoldurar as típicas bay windows. Inesperadamente, os sons do fim de tarde em Park Slope transportaram-me ao doces anos da infância. Em Park Slope foi a orquestra de cigarras que me fez pensar nos grilos. E na infância. Havia sempre um momento do ano em que tínhamos um grilo. Seria no Verão. Mais do que a memória dos grilos - não me lembro se são negros ou castanho-pardos e desconfio que desatava aos gritos se visse agora um grilo pousado na minha mesa - ficou-me a imagem das pequenas gaiolas de plástico, verdes ou vermelhas, que serviam de habitat ao bichinho durante o seu curto tempo de vida. O entusiasmo com que metíamos uma folha de alface pela portinhola. E a antecipação de ouvir o grilo ... gri-gri-gri ... grilar! E indelével também é a memória do coro dos grilos lá fora, no quintal, enquanto anoitecia.
Também recordo a nossa excitação quando conseguíamos apanhar um pirilampo. Noites quentes de Verão, os primos todos juntos, as mesas postas lá fora, o rumor das conversas e gargalhadas dos adultos eram pano de fundo das nossas brincadeiras. Uma vez por outra conseguíamos surpreender um pirilampo. Como eram tímidos os pirilampos! Apagavam a luz ao sentir os nossos passos. Mas uma rara vez por outra ... magia!
E é assim que grilos e pirilampos convivem nas memórias da minha infância.

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Sunday, August 10, 2008

Estou na Lua

... ou estou no Sardinha Biba?

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Tuesday, July 15, 2008

Flashback

Caro RAF,
Há pouco mais de dois anos, um postal escrevinhado aqui no blog inspirou-te um texto belíssimo. Esse teu texto que foi tema de conversa em jantar animado, este fim-de-semana. O texto que
recuperas agora no Blue Lounge. Recordar é viver. E desta vez, sou eu que sigo a tua deixa e recupero agora o texto que há dois anos precedera o teu. Recordar é viver. Flashback no Postais de BXL.

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Wednesday, January 02, 2008

Top 11 de 2007

O ano passado elaborei um TOP 11 dos meus favoritos de 2006.
Não resisto à narcisista tentação de compilar aqui também os melhores da fornada de 2007:
... o proverbial descontentamento com o tempo em Bruxelas
destemperança
... o primeiro aniversário do blog
os postais
... primeiras impressões, rotinas nova-iorquinas
quotidiano - segundo acto
... a Primavera, depois de longos anos de cinzento em BXL
Bloody Mary's in the Park
... jazz no Harlem
the jazz joint
... o meu preferido
mudança de estação
.
Goodbye 2007, hello 2008!

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Monday, November 26, 2007

momento Nostalgia

Quando a Abelha Maia passava na RTP, eu teria aí uns 5 ou 6 anos. Gostava de saber onde param os singles que ouvia compenetradamente, o do genérico da Abelha Maia, o do Vickie - hey hey hey, hey Vickie hey, levanta bem a vela - e também o do Fungágá da Bicharada. E havia um disco com uma história narrada em português-brasileiro - se a memória não me trai, era a história do porquinho que não sabia fazer oinc.
O porquinho oinc vai permanecer um mistério - a não ser que os meus Pais encontrem o single e me restituam esta memória de infância! Mas o genérico da Abelha Maia foi fácil de encontrar:

(memórias que despertaram ao ler este post no Blue Lounge)

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Friday, June 01, 2007

ah! Bruxelles!

Pode parecer (-me) (-vos) inverosímil ... mas começa a apossar-se de mim uma certa nostalgia de Bruxelas ...
... argh!!!

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Tuesday, May 01, 2007

momento Nostalgia

O Petzi faz parte do meu imaginário de infância.
Ainda mal sabia ler ...
(memórias que despertaram ao ler este post no Caixa Pandora)

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Thursday, February 08, 2007

- last minute -

... nestes últimos dias em Bruxelas, dou por mim acometida de uma insidiosa nostalgia, um apertozinho no músculo cardíaco, uma lágrima indecisa no canto da alma ... estes sintomas chegaram sorrateiros, assim como quem não quer a coisa, e instalaram-se contra minha vontade ... Suspiro, em suspenso.

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Tuesday, December 26, 2006

Top 11 de 2006

Aproxima-se o fim do ano. Voluntariamente ou tomados de assalto pelo espírito da quadra, damos por nós em retrospecção. Vá, em introspecção retrospectiva. Fazemos o balanço do ano que passou, tentamos catalogar os acontecimentos, arrumar tudo em gavetas mentais de bom, mau, sorriso, lágrima, arrependimento, sucesso, frustração. Lançamo-nos em resoluções, promessas, decisões ... no próximo ano é que vai ser, vamos mudar, corrigir, acrescentar, melhorar, cumprir.
O Postais de BXL rende-se também à retrospecção e deixa-vos com um apanhado dos melhores posts do ano. Um flashback. Um Top 11. Para recordar alguns momentos bloguísticos desta vossa Sinapse.
2006 já era ... venha daí o novo ano! Welcome, 2007!
E um Bom Ano para todos!! :-)

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Wednesday, July 26, 2006

momento Nostalgia

A Praia da Memória era uma das praias para onde íamos nas férias grandes. Era essa e a Praia dos Beijinhos. Ambas em Leça. Ou será Matosinhos? Isso neste momento não interessa. Interessa que os pãezinhos com fiambre tinham um sabor irrepetível. Os iogurtes da nossa infância - lembram-se dos Longa Vida de chocolate? - sabiam-me sempre melhor na praia. E uvas fresquinhas e peras sumarentas, que delícia ... também me sabiam melhor na praia. E, como já sabem, bebíamos Compal de pêssego. Esse sabor ficou para sempre associado a memórias da minha infância.
Não sei se era do iodo, se daquele mar gelado, se das correrias na areia ou de passar horas a saltar das dunas, com os meus primos, as toalhas amarradas ao pescoço a fazer de capas para nós podermos fazer de super-homem ... mas, fosse lá porque fosse, a verdade é que quando chegava a hora do almoço, ou do lanche, tudo o que saía daquelas caixinhas tupperware era delicioso!
E no fim comíamos Epás ... o que eu mais gostava nos Epás era aquele bocadinho no fundo do cone, em que o gelado ficava tingido da cor da chiclete.
Nesse tempo, não conhecíamos nacionalidades nem patriotismos. Só havia uma bandeira que nos interessava ... e o que interessava era saber se a bandeira estava verde! ... e importava muito tentar contornar uma bandeira amarela esgrimindo argumentos de criança contra a autoridade dos pais.
Lembro-me tão bem do cheiro dos cremes Nívea. E de coleccionar beijinhos - conchas, claro! E das cores alegres dos baldes, pás e ancinhos.
Felizes memórias ... na Praia da Memória.
Foi mais um momento Nostalgia, aqui no Postais de BXL.

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Wednesday, May 31, 2006

Mood pessoal

Não sei porquê, lembrei-me de quando éramos crianças.
As recordações vieram em formato slide, umas atrás das outras, sem cronologia definida.
Pensei nos tempos do Colégio, nesses tempos que me parecem - a esta distância - ter sido regulados pelas estações do ano. Primavera, Verão, Outono e Inverno eram estações bem demarcadas, sucedendo-se como etapas rituais dos anos que iam crescendo em nós.
A Primavera cheirava a Primavera. Os dias amanheciam frescos. É irrepetível o cheiro de uma manhã de Primavera, a abrir o dia com uma réstia do frio da noite. A leveza e a consistência desse ar é inimitável!
Na Primavera chegavam as borboletas e as andorinhas, os morangos e depois as cerejas. Festejava o meu aniversário, convidava amiguinhos de outras turmas para virem à minha sala cantar os parabéns e comer uma fatia de bolo de chocolate ou de ananás. Depois, acabava o ano lectivo. As férias grandes!!
O Verão cheirava a livros, que os Pais tinham tentado esconder desde a Feira do Livro - para que os ditos livros durassem até às férias grandes. Mas eu e o meu irmão descobríamos sempre o esconderijo e quando chegava o Verão já não sobrava grande stock por ler. O meu irmão era mais dado a actividades outdoors, quer dizer bicicleta pelas redondezas e futebol no pátio das garagens. Mas eu não. Eu sempre fui de livros. O Verão dos livros era interrompido pelo Verão da praia.
Uma vez por outra, o Verão cheirava também a dias passados no escritório da Mãe. Num tempo em que as Mães ainda podiam, quando sem alternativas, levar os filhos para o local de trabalho. O escritório era antigo, cheirava a madeira velha, mas também encerada, e rangia o soalho. A Mãe conseguia disciplinar-nos para fazermos os deveres escolares. E deixava-nos escrever à máquina. No tempo em que não havia computadores ou nós nem suspeitávamos da sua existência. Eu e o meu irmão saíamos à hora do lanche, saíamos do escritório e entrávamos no calor do Verão que nos devolvia brilhos do Douro ali de frente para nós. Virávamos à direita e seguíamos para o café que também tinha quiosque. Podíamos comprar livros do Tio Patinhas, e comíamos pão com fiambre, e bebíamos já não me lembro o quê. Era Compal de pêssego, com certeza! Não faço a mais pequena ideia de que falávamos. A Mãe, depois do trabalho, vinha buscar-nos e pagava.
E o Verão era também a casa dos Avós, tardes de calor, a sombra das videiras, a cozinha tão fresquinha, o cheiro do avental da Avó, o pêndulo do relógio a embalar sestas despreocupadas. E torturar caracóis que recolhíamos do muro do quintal. E eu e o meu irmão postos no muro a ver passar e a perguntar aos passantes se eram da APU. Dava-nos para cada uma!
O fim do Verão cheirava a cadernos novos e aos plásticos dos estojos e restante material escolar. E recomeçava o Colégio. Fazíamos sempre redacções sobre as férias do Verão.
E à medida que o Outono avançava, cheirava a castanhas, e anoitecia mais cedo.
Tinha umas aulas de Lavores que abominava. Eu e a minha melhor amiga (era o tempo das melhores amigas) fomos formalmente repreendidas por usarmos as agulhas para riscar as costas das cadeiras da frente em vez de bordar flores nos saquinhos para guardanapos. Agora só uso guardanapos de papel. E quando porventura uso guardanapos a sério, não os guardo nos saquinhos com flores bordadas nas aulas de Lavores da 3a classe.
O Inverno cheirava a Natal, e a guarda-chuvas molhados. E tinhamos kispos (quando todos os casacos eram kispos, quer fossem quer não fossem). E depois de muito tempo de escuro e chuva lá chegava pontual a Primavera.
As estações encadeavam-se num ritmo sem sobressaltos, ou é assim que eu as relembro. Num tempo em que não havia morangos e cerejas todo o ano. Em que íamos para o escritório da Mãe e podíamos escrever à máquina. E na praia ouvia-se ao longe olha a baaatatiinha e bola de berliiiiim. Éramos crianças.

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