Thursday, December 29, 2011

passagem-de-ano

A passagem-de-ano, na minha infância, era vivida entusiasticamente. Em família, a despedir o ano velho, a celebrar a chegada do ano novo. Tenho memórias de passagens-de-ano com os primos todos, na casa dos Avós em Folgosa. Nessa época éramos 10 primos, num leque de idades dos 10 até aos 3 anos. Gritávamos a contagem decrescente, a plenos pulmões, como só as crianças sabem, e acompanhávamos com grande estalhardaço de testos contra testos ou colheres a bater em testos. Recebíamos o Ano Novo com todo o entusiasmo, sem balanços do ano passado, sem listas de intenções, sem frustrações ou preocupações. Era só alegria, quase magia. Também tenho memórias de passagens-de-ano na casa dos Avós em Sampaio. Houve até um ano em que os meus Pais foram à Madeira e eu e o meu irmão ficámos com os meus Avós, em Sampaio. Apesar de estarmos só nós os quatro, os meus Avós - talvez especialmente o meu Avô - não deixaram esmorecer o entusiasmo da antecipação da meia-noite. Lembro-me de também nos darem testos para batermos à meia-noite e de nos levarem lá fora ao quintal para ouvirmos os foguetes a estralejar e os sinos a repicar e o coro de sirenes que festejavam o novo ano, as sirenes dos bombeiros, as sirenes da polícia, tudo buzinava e sirenava para receber o novo ano em festa. Não sei se esse costume se perdeu ... eu nunca mais ouvi os sinos das igrejas e as buzinas e as sirenes dos polícias e dos bombeiros a dar as boas-vindas ao ano novo, ficou-me apenas a recordação dessa passagem-de-ano na aldeia urbana de Sampaio. Mais tarde, na adolescência, vieram as festas em casas de amigos ou, mais tarde ainda, nas discotecas. E, hoje em dia, posso ficar em casa, quase indiferente ao momento. Pode ou não haver uma jantarada com os amigos, pode haver alegria, mas não há aquela magia da infância. Este ano talvez suba ao rooftop do meu prédio nova-iorquino para ver o fogo de artifício iluminar e colorir o recorte dos arranha-céus. E, quem sabe, talvez volte a escutar sirenes de bombeiros a despedir o ano velho e a celebrar a chegada do ano novo. Talvez o novo ano traga alguma magia. Feliz Ano Novo!

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