Tuesday, February 05, 2008

Ticker-tape Parade for the New York Giants

Estou no 24° andar, num cubículo tipo varanda (onde os colegas vão fumar um cigarrinho a intervalos variáveis) e tenho uma vista privilegiada sobre o início da parada. Vejo milhares de pessoas, apertadas e amontoadas nos passeios que ladeiam a Broadway, ali onde começa o troço que corresponde ao Canyon of Heroes. A multidão aplaude, assobia, grita, entoa refrões dos Giants, os flashes multiplicam-se, as palmas recrudescem, enquanto passam bandas aprumadas, carros abertos com os técnicos e todos os jogadores, em parada apoteótica, as cheerleaders, os presidentes e vice-presidentes do clube, os representantes da cidade. Milhares de pedacinhos de papel a voar das janelas e a flutuar num bailado coreografado pelo vento. As ruas e as sacadas pejadas de papéis. Por entre a música e o rumor da multidão, os mais velhos ouvem ecos de outras paradas, ecos de outros tempos. Tempos em que eram tantos os papelinhos atirados das janelas dos escritórios que quase não conseguiam vislumbrar-se os edifícios!
A primeira ticker-tape parade teve lugar em NY, resultado de uma manifestação espontânea, sem preparação, aquando da inauguração da Estátua da Liberdade em 1886 - daí ter acontecido precisamente no distrito financeiro e terem sido usados os papéis com as cotações e flutuações dos títulos transaccionados na bolsa de valores de NY a servir de confettis improvisados. O nome destas paradas vem da fita de papel que os brokers usavam, antes da era electrónica, para se manterem actualizados das flutuações das acções transaccionadas na bolsa de valores.
As ticker-tape parades não têm periodicidade, são reservadas a eventos importantes ou celebrações especiais. Depois daquela primeira parada em 1886, os governantes da cidade começaram a usar as paradas para assinalar momentos extraordinários - como por exemplo o regresso de Theodore Roosevelt do seu safari africano ou a celebração do fantástico voo transatlântico de Charles Lindbergh. Depois da II Guerra Mundial, organizaram-se paradas para Generais e Almirantes vitoriosos, uma forma de celebrar vitórias importantes e permitir a expressão colectiva do reconhecimento popular - o General Eisenhower e o Almirante Nimitz tiveram a sua parada em NY, mas a maior ticker-tape parade de sempre foi organizada em honra do General MacArthur em 1951 pela sua relevância na II Guerra Mundial e na Guerra da Coreia. Nos anos 50 multiplicaram-se as paradas, a ponto de se organizarem paradas tão somente para marcar as visitas de Chefes de Estado doutros países. Nos anos 60, depois do assassinato de John F. Kennedy, as paradas começaram a rarear e têm sido organizadas esporadicamente para assinalar ou celebrar grandes momentos da exploração do espaço, honras militares (cada vez menos) e vitórias desportivas de maior importância. NY não tinha uma ticker-tape parade desde 2000.

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Vá lá!... Pensei que os intervalos entre paradas fosse mais curto.

Estás desculpada! Eheheh!

05 February, 2008 22:23  
Blogger Carlota said...

Presenciando um momento histórico, portanto. Muito bem!

06 February, 2008 16:03  
Blogger Pitucha said...

Eu queria comentar, mas há algo que me está a bloquear os dedinhos! Desconfio que seja a inveja... que coisa mais feia!
Beijos

06 February, 2008 16:31  
Blogger calamity jane said...

Muito bem! Um momento de crescimento cóltural :-)
E até te digo mais: simplesmente adorava conhecer NY, com ou sem ticker-tape...
Em relação aos portugueses saírem à rua... hum... falo por mim: nem pelo SCP, nem pelo FCP e muito menos para festejar a vitória do PS ou do PSD. O derrube dos respectivos givernos ainda me faria festejar, se não soubesse que é "vira o disco e toca o mesmo"! Portantos, dos casos citados na cx abaixo, só mesmo os apuramentos para meias e quartos de final me deram ânimo para festejos "paradeiros"...
DE modos q só me resta a esperança de este ano o Felipão conseguir fazer muuuuuuuuuuiiiiito melhor...
bjis

06 February, 2008 17:22  

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