em BXL

Estou em BXL. O fim-de-semana foi bem aproveitado. O tempo deu uma trégua e presenteou-nos com um sol pálido e umas temperaturas amenazitas.

A semana de trabalho começou cinzenta, para não ficarmos mal habituados. É a Bélgica engalanada nos seus trajes mais típicos, não fosse eu porventura ter esquecido os seus atributos meteorológicos. Daqui do escritório olho pela janela e o que se me apresenta é um tecto baixo de nuvens carregadas, uma monocromia atrofiante, tudo comme il faut!

O terramoto em Pescara dominava os títulos dos jornais europeus, cujo apanhado vi hoje de manhã na Euronews. Mas um jornal destacava-se dos outros, na voz do locutor da Euronews, porque na sua primeira página não podia faltar a promessa de entrevistas aos sobreviventes portugueses.

Num post recente, divagava sobre esta mania nacional. E a verdade é que até as tragédias servem esse grande propósito de encontrar um português, ou um italiano casado com uma portuguesa, ou alguém que anda na Universidade com um descendente de português ... enfim, as combinações possíveis são muitas e todas justificam a entrevistazinha da praxe. Se a comunicação social snifa um pingo de portugalidade, a notícia do terramoto passa para um quase segundo plano e o holofote põe-se nos nossos portugueses. Servem de destaque nas desgraças que assolam o mundo - seja a queda de um avião, um terramoto, uma epidemia de salmonelas - sobrepondo-se à notícia em si ...