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Numa caixa de comentários, Sinapse said ...

Eu não sou de grandes conversas. Tal como a Carlota e a Pitucha e a DMNY, entro muda e saio calada e muitas vezes a minha expressão inibe qualquer tentativa de conversa de chacha. Mas, como seria de esperar de uma verdadeira geminiana, às vezes acontece-me o contrário. Acontece-me viver o momento de outra forma, como a Claudette e a Elisabete. Às vezes - dependendo do meu estado de espírito, dependendo da primeira frase do interlocutor ou do timbre da sua voz, ou do brilho nos olhos ou das rugas de expressão, não dependendo de nada - dá-me para achar graça à pessoa e sou toda ouvidos. Participo na conversa só com as frases suficientes para a fazer continuar - os ahs e os pois e os hum-huns, uns sorrisos abertos, uma gargalhada comedida, alguma ou outra pergunta retórica - e encanto-me com as histórias pessoais que me são dadas a ouvir ou os pitorescos episódios que até parecem de filme! Já várias vezes fui surpreendida com almas sensíveis encaixadas no recôndito de um taxista, ou veia de poeta na voz de um sapateiro, ou pérolas de sabedoria nas palavras da senhora da frutaria ... ouvi sotaques engraçados, ouvi conclusões cheias de sentido de humor, optimismo, ouvi retalhos de vida e admirei-me com a espiritualidade e a força que habitam nas pessoas ... e principalmente aprendi sempre algo nestas conversas de ocasião, com a sabedoria da experiência de vida das pessoas que tive a paciência de ouvir e a quem dei espaço para falarem.