Ode to David Bowie

Estou a ler uma biografia do David Bowie. Acho que é a primeira biografia que leio. Wait, não, não é verdade. Há uns meses atrás li a auto-biografia do Slash. Excelente, devorei o livro entre NY-Tokyo e Tokyo-NY. Voltando a Bowie, fiquei desconsolada quando percebi que não é uma biografia autorizada. Fiquei também a saber que entre as dezenas de biografias ou livros-relatos sobre Bowie, nenhum é autorizado. E que há anos que se espera uma auto-biografia do glam-rock-god, esse ícone dos anos 70 que é David Bowie. Para cúmulo do meu desconsolo, o livro nem sequer está bem escrito. O autor, o jornalista Marc Spitz, não prima pelos seus talentos literários e muito menos por um bom proof-reading. Os textos estão pontilhados de gralhas. Mas não vou insistir muito nesta tecla, até porque o inglês não é a minha língua-materna nem eu sou um Lobo Antunes nesta minha língua-materna. Moving on. Basicamente, eu adoro o Bowie. Por isso, apesar de tudo e das gralhas, estou a gostar do conteúdo do livro. E de ler sobre Londres nos anos 60s. E outra vez Londres, Los Angeles e NY nos anos 70s. Um mundo de sex drugs and rock'n'roll, o culminar da transição histórica dos pré-50s para os 60s e 70s. Não sei se por ter sido a década em que nasci, mas sempre me fascinou a década dos 70s. Um fascínio inexplicável, alimentado por um imaginário que fui construindo sem saber bem como. Já o disse algumas vezes, devia ter nascido por volta de 1945 para poder ter vivido o final dos anos 60s e a década dos 70s em pleno. Anyway, voltando ao livro... Um dos momentos altos da leitura, nada de transcendente, apenas um pequeno momento pessoal, foi quando a realidade dos anos 70s se entrelaçou com o meu quotidiano em NY. Passo a explicar. A primeira vez que Bowie esteve em NY, ficou hospedado num Hotel em Times Square. Passou várias horas a vasculhar álbuns de jazz na Colony, uma loja de discos que ficava perto do seu Hotel. A Colony tornou-se uma instituição nova-iorquina, apesar de estar ali perdida na sordidez turística de Times Square. Pois no outro dia, quando calcorreava essa zona para ir ver o show Chicago, dei de caras com a Colony. Estaquei. Entrei. Pensar que o David Bowie esteve naquela mesma loja de discos em 1971!! O outro momento alto da leitura, nada de transcendente, apenas outro pequeno momento pessoal, leva-nos ao Outono de 1972. Nessa passagem do livro, refere-se a conferência de imprensa/festa no Dorchester Hotel, em que Bowie, Lou Reed e Iggy Pop foram fotografados juntos. O jornalista Marc Sptiz, autor desta biografia não autorizada de David Bowie, diz bem quando diz que a fotografia ficou imortalizada por reunir 3 dos mais icónicos músicos do momento. A fotografia capturou e imortalizou estes importantes intervenientes na história da música, num momento definidor. Uma fotografia que está em minha casa, assinada pelo fotógrafo, Mick Rock. Oh yeah! Tinha acabado de ler o parágrafo e corri para o quarto para mais uma vez apreciar essa fotografia que representa o meu fascínio por uma época, representa parte do meu gosto quanto a música, a minha admiração pelos artistas abraçados. Lou Reed, Velvet Underground. Iggy Pop, The Stooges. David Bowie, nessa época como Ziggy Stardust. Para mim, Bowie forever as whatever, as Ziggy Stardust, as Thin White Duke, always David Bowie.