Saramago

O Evangelho Segundo Jesus Cristo. De José Saramago, foi o primeiro livro que li. Devorei. Corria o ano de 1991. Ou já seria 1992, não posso precisar. Comecei por entusiasmar-me com a polémica que o livro tinha suscitado. Normal, eu tinha 18 ou 19 anos. E depois adorei o estilo, aquela escassez de pontuação, as palavras que se encadeavam em longas frases, páginas seguidas sem um ponto final. Fascinavam-me os labirintos que o Saramago compunha com as frases. Um prazer, de sabor matemático, não perder o fio à meada por entre as vírgulas. E a riqueza do português, sublime, a mestria com que Saramago dominava as palavras, a intrincada oralidade assim escrita. Quando terminei O Evangelho Segundo Jesus Cristo, estava rendida. Durante uns dias, por ter lido intensamente, avidamente, por ter devorado o livro, os meus pensamentos formulavam-se naquele estilo sem pontuação, na mesma entoação com que Saramago escrevia. Depois, procurei outros livros de Saramago. O Ano da Morte de Ricardo Reis, História do Cerco de Lisboa, Memorial do Convento, A Jangada de Pedra. Mais tarde, houve um livro em que emperrei. Não me lembro qual. Terá sido o Levantado do Chão? Um dos primeiros livros de Saramago, que deixei para o fim. Não, não pode ser. Terá sido A Caverna? Tanto emperrei, que nem me lembro que livro foi esse que não me conquistou. E por causa disso, não li nada de Saramago publicado depois de 1991. Faltam-me, entre outros, Ensaio Sobre a Cegueira, Todos os Nomes, A Caverna, Ensaio Sobre a Lucidez, As Intermitências da Morte, A Viagem do Elefante, Caim. Recomendem, na caixa de comentários, por qual iniciar a minha redescoberta de Saramago. Sim?