Ser ou não ser ...
Hoje enviaram-me uma petição para assinar, de apoio ao jornal Dinamarquês. Que assinassem aqueles que estão pela liberdade de discurso e contra radicalismos, disseram-me.
Ora, confrontada assim à queima-roupa com tais princípios básicos ... afirmo-me imediatamente a favor da liberdade de expressão e contra radicalismos.
Mas ... pensando melhor ... afinal, até onde pode ou deve ir a liberdade de expressão?
Acho que não pensamos nisso com suficiente profundidade, we just take it for granted.
Hoje dedico este post às interrogações que se me apresentam quando reflicto sobre este tema.
- não assino petição nenhuma de apoio ao jornal Dinamarquês
- não porque eu seja contra a liberdade de discurso/expressão, não porque eu seja a favor de radicalismos ... Mas porque:
- NÃO me identifico com a falta de respeito que os cartoons veiculam em relação à religião alheia
- se está no direito do autor criar os seus cartoons, e está no direito dos jornais publicarem esses cartoons - direito esse fundamental, basilar - também está no meu direito não comprar esses jornais e (se eu assim o desejasse) também estaria no meu direito manifestar o meu desagrado com relação a esses cartoons
- todos nós já nos cruzamos alguma vez com reacções do Vaticano a alguma música mais 'satânica', alguma letra mais 'ofensiva', ...
- não que de alguma forma sejam válidas (na minha perspectiva, NÃO são válidas) as reacções muçulmanas
- as reacções muçulmanas não dão a expressão mais adequada à sua indignação, só pioram a sua imagem aos olhos do mundo não-muçulmano, e promovem radicalismos e extremismos
- as reacções dos muçulmanos retiram aos muçulmanos toda a razão que a sua indignação pudesse porventura merecer
- mas os cartoons também não estão isentos de crítica (pelo menos, na minha perspectiva)
- não posso pois assinar uma petição de apoio ao jornal Dinamarquês porque na análise que faço, imbuída dos meus princípios e reflexões, o jornal deu um espaço de expressão a um desrespeito que considero desnecessário
As questões que ficam em aberto:
- claro que os princípios pelos quais nos regemos não são necessariamente os mesmos princípios pelos quais se rege o nosso vizinho ... Mas ... onde termina a liberdade de expressão? onde começa o desrespeito? a liberdade de expressão deveria ter limites, em defesa do respeito? quem define essas fronteiras tão delicadas? e, essencialmente, como conseguimos um equilíbrio entre o 'não concordo' e o 'mas respeito'? como conseguimos manifestar, na prática, este "não concordo, mas respeito" ??
E por hoje é tudo.
Ora, confrontada assim à queima-roupa com tais princípios básicos ... afirmo-me imediatamente a favor da liberdade de expressão e contra radicalismos.
Mas ... pensando melhor ... afinal, até onde pode ou deve ir a liberdade de expressão?
Acho que não pensamos nisso com suficiente profundidade, we just take it for granted.
Hoje dedico este post às interrogações que se me apresentam quando reflicto sobre este tema.
- não assino petição nenhuma de apoio ao jornal Dinamarquês
- não porque eu seja contra a liberdade de discurso/expressão, não porque eu seja a favor de radicalismos ... Mas porque:
- NÃO me identifico com a falta de respeito que os cartoons veiculam em relação à religião alheia
- se está no direito do autor criar os seus cartoons, e está no direito dos jornais publicarem esses cartoons - direito esse fundamental, basilar - também está no meu direito não comprar esses jornais e (se eu assim o desejasse) também estaria no meu direito manifestar o meu desagrado com relação a esses cartoons
- todos nós já nos cruzamos alguma vez com reacções do Vaticano a alguma música mais 'satânica', alguma letra mais 'ofensiva', ...
- não que de alguma forma sejam válidas (na minha perspectiva, NÃO são válidas) as reacções muçulmanas
- as reacções muçulmanas não dão a expressão mais adequada à sua indignação, só pioram a sua imagem aos olhos do mundo não-muçulmano, e promovem radicalismos e extremismos
- as reacções dos muçulmanos retiram aos muçulmanos toda a razão que a sua indignação pudesse porventura merecer
- mas os cartoons também não estão isentos de crítica (pelo menos, na minha perspectiva)
- não posso pois assinar uma petição de apoio ao jornal Dinamarquês porque na análise que faço, imbuída dos meus princípios e reflexões, o jornal deu um espaço de expressão a um desrespeito que considero desnecessário
As questões que ficam em aberto:
- claro que os princípios pelos quais nos regemos não são necessariamente os mesmos princípios pelos quais se rege o nosso vizinho ... Mas ... onde termina a liberdade de expressão? onde começa o desrespeito? a liberdade de expressão deveria ter limites, em defesa do respeito? quem define essas fronteiras tão delicadas? e, essencialmente, como conseguimos um equilíbrio entre o 'não concordo' e o 'mas respeito'? como conseguimos manifestar, na prática, este "não concordo, mas respeito" ??
E por hoje é tudo.
7 Comments:
Tanta reflexão, tanta pergunta... Sortudos aqueles que ao fim de cada dia de trabalho conseguem ouvir-se a si próprios a pensar.
:)
Não é obviamente o meu caso...
Beijolas
Surpreendentemente quando se aproximaria do seco. A areia fora retirada pela ulemá já fora d'água.
Bom, eu até acho que Deus, Maomé, Jesus, o Papa, etc têm sentido de humor. Se os muçulmanos em geral não querem ser conotados com o extremismo a que alguns cartoons aludiram então que tratem de acabar com ele. Pode ser que da próxima vez o cartoon seja mais um Maomé muito "peace and love" a fumar um charrito...ou ópio, daquele que os seus filhos cultivam no Afeganistão. Um dos problemas em os ocidentais não assinaram esta petição tem a ver exactamente com a nossa liberdade de expressão. Concordamos, não concordamos, assinamos, não assinamos. Só que enquanto isso, os muçulmanos, em demonstrações de força e união, partem tudo, queimam e matam. Os que podem! Porque os outros estão silenciados pela opressão. O Ocidente debate se está bem ou se está mal enquanto eles boicotam as nossas economias. Nós discutimos, eles agem.
Inteiros: mas porém todavia contudo
sem convicção visitei o vosso blog, passeei-me pelos vossos textos, e admito que lentamente se derreteu a reserva inicial e vos achei uma certa (ou incerta) graça
Cão Traste: ok, nós discutimos, debatemos, pensamos, eles agem. E agem mal.
Não acham que no ponto actual da História a humanidade já deveria ter aprendido algumas lições com o passado!? Aquilo que o episódio recente dos cartoons veio tornar mais evidente é que a ignorância é o pior inimigo da paz e tolerância entre os povos. E, para nosso, mal ela existe em todas as latitudes.
Kianda: welcome to Postais de BXL!
Exactamente, em todas as latitudes...
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